América Latina entre derivas autoritárias e explosões sociais
2019 reforçou o esgotamento do ciclo “progressista”, que hegemonizou a América Latina de meados dos anos 2000 a meados da década seguinte. O ciclo se encerrou em meio a diversas expressões de desconexão entre a institucionalidade controlada por aquelas forças políticas e os setores populares em constante mudança que elas esperavam representar. Nesse processo, também ficaram evidentes os limites dos projetos transformadores, que em dado momento demonstraram que não conseguiriam avançar para além do “neoextrativismo”, que vem reprimarizando as economias da região, e das políticas sociais que só poderiam reduzir a pobreza e a desigualdade de suas sociedades até certo limite. Esse esgotamento se traduziu na derrota dos dois projetos que demonstravam maior capacidade de construção de hegemonia. As derrotas da FA (Frente Ampla), no Uruguai, e do MAS (Movimento ao Socialismo), na Bolívia, confirmaram, de modos distintos, o avanço do híbrido de neoconservadorismo e neoliberalismo (ambos e...