segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nordeste africano precisa de intervenção urgente, diz ONU

Mães somalis aguardam por tratamento médico para seus filhos subnutridos em um hospital em Mogadishu, capital do país. Milhares de refugiados chegam diariamente à cidade e a países vizinhos fugindo da seca que afeta ceraca de 12 milhões de africanos na região do chamado "Chifre da África".
A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo à comunidade internacional nesta segunda-feira (25) para combater a grave crise alimentar que atinge o nordeste da África. Segundo o organismo, é necessária uma intervenção “urgente” para acabar com a crise que já atinge mais de 12 milhões de africanos do Quênia, Etiópia, Djibuti, Somália e Eritreia – países que compõem o chamado “Chifre da África”.
O anúncio foi dado durante reunião na sede da Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO) em Roma. Lá estão reunidas agências da ONU e representantes governamentais de vários Estados-membros, além de ministros da Agricultura de diversos países. Eles debatem a situação humanitária nessa região do planeta, onde o que preocupa é, sobretudo, a saúde das crianças.
Segundo a Unicef, mais de 500 mil crianças correm o risco de uma morte “iminente” como consequência de uma “desnutrição grave”. “A catastrófica seca no Chifre da África requer uma ação em massa e urgente”, disse, durante a abertura da cúpula, o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.
Diouf afirmou que é necessário US$ 1,6 bilhão nos próximos 12 meses para enfrentar a emergência humanitária. O que mais preocupa as Nações Unidas é a situação de 2,3 milhões de crianças que sofrem de desnutrição aguda tanto na Somália quanto na Etiópia e no Quênia – esses dois últimos países estão recebendo o maior fluxo de refugiados somalis.
“O que nos mais preocupa é o estado das crianças, a fome das crianças, que estão tão frágeis. Elas têm apenas 40% de chances de sobreviver”, afirmou a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, Josette Sheeran, durante entrevista coletiva após o encontro.
Segundo Sheeran, que esteve na região recentemente, algumas das mães somalis admitiram que abandonaram suas crianças pelo caminho quando fugiam para os países vizinhos por não terem mais condições de cuidarem delas. Sheeran disse ainda que, apesar de a Somália ser “um dos lugares mais perigosos” da África, nem todo o país é inacessível e, por isso, já foi possível levar ajuda humanitária a 1,5 milhão de pessoas, enquanto a cada dia cerca de 300 pessoas são atendidas em Mogadishu, a capital da Somália.
“Temos que trabalhar com os governos (da região) para estabelecer redes de segurança que protejam os mais vulneráveis, como as mulheres grávidas e em período de lactação, as crianças em seus primeiros mil dias de vida e os idosos, as pessoas com deficiência e os doentes crônicos”, diz um comunicado elaborado pela presidência da FAO.
Além disso, preocupam os problemas que os trabalhadores das organizações humanitárias enfrentam para ter acesso ao sul da Somália, quase totalmente controlado pela milícia fundamentalista islâmica Al Shabab, vinculada à rede terrorista Al Qaeda. A Al Shabab continua sem autorizar a passagem da ONU para que leve ajuda à população da região e assegura que a recente declaração da crise de fome se trata de uma “propaganda”.
“A situação é dramática. Possivelmente é uma das piores crises e afeta de forma dilacerante os mais vulneráveis, as crianças e as mulheres”, disse, durante seu comparecimento no plenário do encontro, Soraya Rodríguez, secretária de Estado de Cooperação Internacional da Espanha.
Soraya, que recentemente viajou à região para observar os estragos provocados pela seca, explicou que os campos de refugiados do Quênia estão recebendo uma média de 1,3 mil pessoas por dia que fogem da crise de fome na Somália.
A diretora-executiva do PMA, Josette Sheeran, afirmou que nesta terça começa a ser operada uma espécie de ponte aérea entre Europa e o Chifre da África para levar ajuda humanitária à região. Serão disponibilizados alimentos e outros produtos de consumo básicos.

Lucas Hackradt, com Agência EFE

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