Servidores da saúde paralisam atividades e realizam ato de protesto, em Glória

2012 está sendo considerado um dos anos que mais teve manifestações grevistas nos últimos tempos. Depois dos profissionais do magistério, dos servidores público, dentre outros que protestaram as insatisfações relacionadas aos descasos por parte do poder público, chegou a vez da classe da Saúde, especificamente dos servidores públicos hospitalares, desabafar.

 

O ato reivindicatório que se iniciou na manhã desta quarta-feira, 25, em frente ao Hospital Regional de Nossa Senhora da Glória, situado na Rodovia Engenheiro Jorge Neto, na via de acesso Glória – Feira Nova, teve como finalidades elementares protestar por melhores condições de trabalho e pelo cumprimento do salário base da categoria, bem como alertar a sociedade e o governo quanto às negligências enfrentadas pelos profissionais da área e pela população.

“A gente trabalha só pelo paciente e pelo juramento do profissional de enfermagem. Pelas condições de trabalho, já teríamos parado há muito tempo. A gente não descansa em local adequado, muitas vezes, não temos nem copo descartável para beber água e passamos de um paciente para outro sem lavar as mãos, por não ter sabão. A água que usamos está suja e contaminada. Bebemos água suja! É capaz do paciente chegar com uma doença e sair daqui contaminado com várias outras devido à falta de higiene. A população nos agride moral e verbalmente, pois acha que quando não tem médico para atender a culpa é nossa, que não queremos chamar o médico. Não nos dão condições de trabalho e a direção não avisa à comunidade quando não tem condições de ter atendimento, fica encobrindo”, enfatizou revoltada uma das integrantes do ato. Quanto ao salário base, ela comentou que o governo impôs uma proposta de aumento de 5,7%, como forma de gratificação. A classe achou inviável e reprovou a proposta. Primeiramente porque querem receber o salário estabelecido na lei e, em segundo lugar, porque se o aumento não for acrescido ao salário base, o governo pode retirá-lo a qualquer momento".

A paralisação terá duração de 24h e é à nível estadual. Se a situação não melhorar, 70% dos funcionários das unidades hospitalares do Estado de Sergipe entrarão em greve a partir do dia 01 de agosto.
 

A eterna reforma do hospital de Glória

Já faz muito tempo que o prédio do Hospital Regional Governador João Alves Filho, em Nossa Senhora da Glória, entrou em reforma, porém ela ainda está inconclusa e, por isso, está gerando inúmeros transtornos aos usuários. “Tem goteiras, vazamentos, mofos… Nós estamos vendo a hora do hospital cair sobre os pacientes”, afirmam os protestantes. Ainda, de acordo com eles, a direção do hospital não dá uma previsão definitiva para o término das obras.

Nossa equipe de reportagem foi informada de que os responsáveis pela direção do hospital não se encontravam, por isso, não conseguimos conversar com eles.

O soro milagreiro

Além da carência de médicos, das péssimas condições dos equipamentos hospitalares e dos outros problemas acima citados, a quase ausência de medicamentos é mais um componente do quadro de descanso em relação à saúde pública, em Glória. Para amenizar este último, na maioria das vezes, é aplicado nos pacientes o soro milagreiro, o “amarelão”, que parece servir para todas as doenças, afinal, ele é medicado em todos os doentes que aparecem no hospital. “Tem pessoas que só se satisfazem com o soro. Se chegarem a tomar duas ou três injeções no músculo e não tomar soro, não se satisfazem. Soro no hospital de Glória virou vício. Já faz parte da cultura regional. Chegou ao hospital e tomou soro, pronto, está tudo bem.

FONTE:http://www.soudesergipe.com.br/?p=8646