segunda-feira, 26 de novembro de 2012

RAÇA - Geneticamente reprovada, socialmente presente


 O conceito de raças inexistia nas relações humanas de tempos remotos. Ele data de poucos séculos atrás. É contemporâneo do tráfico de escravos africanos para a América e está muito ligado aos esforços da ciência da época para catalogar o mundo. Em especial no decorrer do século 19, o racialismo ou racismo científico, baseado em características morfológicas – como a cor da pele e o formato do crânio –, dividiu a humanidade em raças hierarquizáveis. Tal forma de pensamento atingiu seu ponto culminante com a ascensão do nazismo e da crença da superioridade ariana.

Mas o que seria uma raça humana? Biologicamente, trata-se de um conceito taxonômico utilizado para caracterizar um grupo de indivíduos.“O isolamento causado pela migração de nossos antepassados pelos continentes levou realmente a uma diferenciação genética, mas, no caso humano, ela é bem menor do que seria necessário para afirmarmos a constituição de raças distintas”, explica o geneticista Francisco Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.



Um olhar social

Independentemente do que diga a genética, o fato é que o racismo está fortemente presente na nossa sociedade e sempre deu o que falar – para o bem e para o mal. É no que acredita a antropóloga Lília Schwarcz. “De um lado, nossa cosmologia oficial inflaciona o lado exótico da mestiçagem, expresso na mulata, no carnaval e na capoeira”, avalia. “Mas, por outro, exotiza a pobreza ou vincula as favelas, as drogas e a violência aos negros, maneiras de 'naturalizar' desigualdades que não são biológicas, mas históricas, sociais e culturais.”

Para Schwarcz, o Brasil ainda apresenta fortes práticas discriminatórias e o tema é arena de importantes e atuais disputas políticas e sociais. “Temos uma combinação de inclusão com exclusão às vezes muito perversa. Se compararmos quaisquer indicadores nacionais, sejam relativos a trabalho, renda ou mortalidade infantil, há sempre uma diferença entre brancos e negros”, afirma. “A própria forma de designar esses grupos é social, reflete uma escolha política não neutra, por isso agenciamos e mudamos cores no Brasil.” 



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