A logística da Jornada Mundial da Juventude, evento católico que acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho, contará com a participação e apoio não apenas de jovens católicos, mas também evangélicos e representantes de outras religiões.
A estudante de jornalismo Thaís Mello, de 25 anos, que é evangélica, abriu sua casa para receber peregrinos que irão participar do encontro. Membro de uma Igreja Batista, Thaís afirma estar animada com a JMJ, e revelou à BBC que ela e sua família vão participar da Jornada hospedando peregrinos que virão de outras cidades em sua casa.
- Quando eu soube da jornada e de que iam precisar de casas para as pessoas se hospedarem, eu achei legal a ideia. Eu conversei com meus pais e eles autorizaram – conta Thaís, que receberá sete peregrinos na casa de quatro quartos.
- Apesar das igrejas (diferentes), nós somos cristãos. Tem algumas diferenças, sim, só que a gente não tem que ficar focado nisso, tem que focar em Deus e seguir adiante – completou a estudante evangélica, que durante uma viagem ao Equador, em um programa de trabalho voluntário de uma igreja evangélica, foi hospedada por uma família católica.
- Eu fiquei primeiro na casa de uma família protestante e depois na casa de uma família católica. Fui muito bem recebida e foi muito legal – ressaltou.
Os pais da jovem, também evangélicos, não se opuseram à ideia de hospedar os peregrinos, e apoiaram a iniciativa da filha.
- Meu pai só ficou um pouco receoso porque a gente não sabe quem são as pessoas (que ficarão hospedadas). Ele até conversou sobre isso com o pessoal (da organização), que fez uma visita aqui em casa e o tranquilizou – contou a jovem, que afirma não ver conflito no fato de estar recebendo jovens de outra religião em sua casa.
Além do apoio recebido por praticantes de outras vertentes do cristianismo, o evento católico vai contar também com um encontro inter-religioso na PUC-Rio, que vai reunir 150 jovens muçulmanos, judeus e católicos para discutir as semelhanças e diferenças entre suas crenças.
- Vai ser como se fosse uma pré-Jornada, com uma abertura com os líderes de cada religião – explicou a católica Aline Barbosa Almeida, coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Juventude do Rio de Janeiro e uma das organizadoras do encontro.
- Nós temos muito mais coisas em comum que pontos discordantes. E mesmo naquilo que a gente discorda, isso não significa que aquela pessoa que pensa diferente de mim seja inferior ou superior, ela simplesmente pensa ou crê de maneira diferente e deve ser respeitada – diz Fernando Celino, muçulmano e um dos organizadores do evento.
A jovem judia Tamar Nigri, que é coordenadora de projetos sociais da instituição judaica Hillel, também afirma não ter sentido resistência de qualquer das partes ao diálogo entre as religiões.
- Convivendo a gente consegue ver ainda mais claro (as coisas que as religiões têm em comum). O mais legal são o interesse no diálogo e o respeito mútuo entre as religiões – declarou a jovem.
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