O município de Canindé inteiro, bem como a região, estão sabendo e consternados com o trágico acidente que vitimou, na hora, três pessoas bem conhecidas na cidade, entre eles , João Filgueira, conhecido com”Nêgo Dão”.
Com ele, Canindé perdeu grande parte do seu legado cultural e esportivo. Dão e sua família desde sempre serviram de sustentáculo, com todas as adversidades enfrentadas, para que a nossa cultura continuasse pulsando. Que o futebol continuasse com a bola rolando (quem em Canindé nunca foi assistir a uma partida entre o Esporte Clube Canindé X Portuguesa, ou mais popularmente, “Bambá X Lusa”?). Desportista, quadrilheiro, trovador, forrozeiro...De fato, agente cultural na essência. E as famílias das outras duas vítimas, que há muito vêm contribuindo com o nosso município, salvo engano, além do Dão e seus filhos, uma das outras vítimas também era servidora municipal, assim como seus filhos? Não há como não se consternar.
Pois bem, da administração municipal esperava-se ao menos uma ação: A Decretação de Ponto Facultativo. Não houve até o momento, assim como não houve quando da morte de Sidney França (que prestava seus serviços em uma escola municipal).
Mas o que esperar de uma administração que nãoconhece o seu povo? A história desse povo? E os que colaboram com essa administração também não conhecem? Os que conhecem, esqueceram? Lembro da cidade parar em solidariedade às famílias enlutadas apenas quando do falecimento dos primos Walace e Maxuel Rodrigues,com o que concordamos.
Claro que essa falta de solidariedade e respeito nos deixa entristecidos, mas nada comparado com a atitude (negativa,diga-se de passagem), de alguns dirigentes escolares, que resolveram prestar seus “sentimentos” às famílias por turno,a fim de que as avaliações marcadas para o dia de hoje no turno matutino não fossem prejudicadas, liberando os turnos seguintes. Escolas como a “renomada” Escola Municipal Maria do Carmo, (cujo diretor é um filho dessa terra), da Escola Municipal Santa Luzia, Colégio Estadual Delmiro de Miranda Britto... E que solidariedade é essa com as famílias, pela metade, de acordo com as conveniências?
Vemos liberações de aulas em dias pós feriados, jogos da Seleção, pontos facultativos pós festas para curar ressaca...enfim!
Vale ressaltar que escolas como o Jardim das Crianças e Colégio Estadual Dom Juvêncio, por exemplo, graças ao bom senso de suas equipes discente e diretiva realmente enxergaram que Canindé e as escola têm a “obrigação moral” de se fazer solidárias nesse momento de dor e perda cultural. Quero aqui parabenizar também ao Centro Educacional Crescendo e Construindo, que com quermesse marcada para o dia de hoje, adiou para amanhã.
Caso contrário, como nós educadores, iremos falar aos nossos alunos de quem foi o “ Nêgo Dão”? Ou não iremos, apagando e enterrando mais uma vez parte da nossa história cultural?
Ninguém é obrigada a gostar de ninguém,mas respeitar a história de vida construída é NECESSÁRIO, por uma questão de justiça. Se fosse alguém da alta cúpula do município, mesmo que recém chegado por aqui, como seria? Certamente muitas “explicações” aparecerão nos comentários dessa postagem, mas contra fatos não há argumentos.
Realmente INDIGNADA, pois como disse Montesquieu, “A INJUSTIÇA COMETIDA CONTRA UM É UMA AMEAÇA A TODOS”.
Por Verinha Avelino
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