A mentira como método
Tenho com frequência criticado o governo do PT, particularmente o que 
Lula fez, faz e o que afirma, bem como o desempenho da presidente Dilma,
 seja como governante, seja agora como candidata à reeleição. 
Esclareço que não o faço movido por impulso emocional e, sim, na medida do possível, a partir de uma avaliação objetiva. 
Por isso mesmo, não posso evitar de comentar a maneira como conduzem a 
campanha eleitoral à Presidência da República. Se é verdade que os 
candidatos petistas nunca se caracterizaram por um comportamento 
aceitável nas campanhas eleitorais, tenho de admitir que, na campanha 
atual, a falta de escrúpulos ultrapassou os limites. 
Lembro-me, como tanta gente lembrará também, da falta de compromisso com
 a verdade que tem caracterizado as campanhas eleitorais do PT, 
particularmente para a Presidência da República. 
Nesse particular, a Petrobras tem sido o trunfo de que o PT lança mão 
para apresentar-se como defensor dos interesses nacionais e seus 
adversários como traidores desses interesses. Como conseguir que esse 
truque dê resultado? 
Mentindo, claro, inventando que o candidato adversário tem por objetivo 
privatizar a Petrobras. Por exemplo, Fernando Henrique, candidato em 
1994, foi objeto dessa calúnia, sem que nunca tenha dito nada que 
justificasse tal acusação. 
Em 2006, quem disputou com Lula foi Geraldo Alckmin e a mesma mentira 
foi usada contra ele. Na eleição seguinte, quando a candidata era Dilma 
Rousseff, essa farsa se repetiu: ela, se eleita, defenderia a Petrobras,
 enquanto José Serra, se ganhasse a eleição, acabaria com a empresa. 
É realmente inacreditável. Eles sabem que estão mentindo e, sem qualquer
 respeito próprio, repetem a mesma mentira. Mas não só os dirigentes e o
 candidato sabem que estão caluniando o adversário, muitos eleitores 
também o sabem, mas se deixam enganar. Por isso, tendo a crer que a 
mentira é uma qualidade inerente ao lulopetismo. 
Quando foi introduzido, pelo governo do PSDB, o remédio genérico 
—vendido por menos da metade do preço do mercado— o PT espalhou a 
mentira de que aquilo não era remédio de verdade. E os eleitores 
petistas acreditaram: preferiram pagar o triplo pelo mesmo remédio para 
seguir fielmente a mentira petista. 
Pois é, na atual campanha, não apenas a mesma falta de escrúpulo orienta
 a propaganda de Dilma, como, por incrível que pareça, conseguem superar
 a desfaçatez das campanhas anteriores. 
Mas essa exacerbação da mentira tem uma explicação: é que, desta vez, a derrota do lulopetismo é uma possibilidade tangível. 
Faltando pouco para o dia da votação, Marina tem menos rejeição que 
Dilma e está empatada com ela no segundo turno —e o segundo turno, ao 
que tudo indica, é inevitável. 
Assim foi que, quando Aécio parecia ameaçar a vitória da Dilma, era ele 
quem ia privatizar a Petrobras e acabar com o Bolsa Família. 
Agora, como quem a ameaça é Marina, esta passou a ser acusada da mesma 
coisa: quer privatizar a Petrobras, abandonar a exploração do pré-sal e 
acabar com os programas assistenciais. Logo Marina, que passou fome na 
infância. 
E não é que o Lula veio para o Rio e aqui montou uma manifestação em 
defesa da Petrobras e do pré-sal? Não dá para acreditar: o cara inventa a
 mentira e promove uma manifestação contra a mentira que ele mesmo 
inventou! Mas desta vez ele exagerou na farsa e a tal manifestação 
pifou. 
Confesso que não sei qual a farsa maior, se essa, do Lula, ou a de Dilma
 quando afirmou que, se ela perder a eleição, a corrupção voltará ao 
governo. Parece piada, não parece? De mensalão em mensalão os governos 
petistas tornaram-se exemplo de corrupção, a tal ponto que altos 
dirigentes do partido foram parar na cadeia, condenados por decisão do 
Supremo Tribunal Federal. 
Agora são os escândalos da Petrobras, saqueada por eles e por seus 
sócios na falcatrua: a compra da refinaria de Pasadena por valor 
absurdo, a fortuna despendida na refinaria de Pernambuco, as propinas 
divididas entre o PT e os partidos aliados, conforme a denúncia feita 
por Paulo Roberto Costa, à Justiça do Paraná. 
Foi o Lula que declarou que não se deve dizer o que pensa, mas o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o certo é mentir. 
FONTE:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2014/09/1522976-a-mentira-como-metodo.shtml
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