Conversando
com as pessoas em geral, percebo com muita clareza a confusão que lhes
atormenta o juízo no que diz respeito à situação geopolítica nacional e
mundial, especialmente no que tange ao que entendem por capitalismo e
capitalistas.
Para
um bom entendimento inicial, convém explicar que o termo capitalismo
não designa uma ciência, uma doutrina econômica ou ainda menos, uma
ideologia, tal como é o socialismo. O capitalismo não passa da descrição
do conjunto de interações humanas de natureza comercial. Pode-se dizer
que há de se confundir com o próprio verbete “mercado”.
Uma
doutrina que estuda e defende a economia de mercado é o liberalismo. O
conservadorismo, que engloba outras convicções de ordem moral e
religiosa, adota o liberalismo no campo econômico.
Entender isto é fundamental para compreender por que um empresário não há de ser necessariamente um defensor dos fundamentos liberais.
Muito
provavelmente você deve ter lido sobre o preocupante processo de
desindustrialização por que tem passado o Brasil nos últimos anos. A
denúncia é verídica, e tem explicação.
A
princípio, o Brasil jamais foi uma sociedade autenticamente livre;
portanto, nunca tivera uma economia completamente livre. Ainda vivemos o
estigma das Capitanias Hereditárias. Todavia, em alguns breves
períodos, fomos agraciados com algum alívio por parte das limitações
impostas ao mercado pelo governo, bondades que geralmente foram
concedidas em face de um inevitável colapso.
Foi
assim com o mercado automobilístico, liberado pelo então presidente
Fernando Afonso Collor de Mello, após um fastidioso período de dez anos
de jejum de lançamentos a que as chamadas “quatro grandes” - Ford,
Chevrolet, Volkswagen e Fiat – submeteram o povo brasileiro.
O
mesmo se pode dizer das privatizações tucanas. Há de se destacar que o
governo do PSDB nunca defendeu a privatização das tênias estatais em
decorrência de qualquer traço de convicção neste sentido, mas somente
porque elas já haviam chegado ao ponto da mais absoluta estagnação,
corrupção, ineficiência, insolvência e atraso tecnológico. As
privatizações ocorreram por conta da inexorável necessidade.
Agora
estamos vivendo um momento em que há um enforcamento generalizado das
micro, pequenas e médias empresas, incapazes de concorrer com produtos
importados em face do cenário de burocratização e tributação crescentes:
eis a chamada desindustrialização.
Alguns
economistas metidos a sabichões alegam que se trata de um fenômeno
natural, haja vista o mesmo estar se passando nas economias mais
desenvolvidas. Nada mais falso!
Naqueles
países, o valor agregado da mão de obra subiu de nível e de salários,
ocupando os profissionais primordialmente em atividades ligadas à
criatividade, como pesquisa e desenvolvimento tecnológicos de ponta, e
as indústrias do cinema, da música, do turismo e dos esportes, de modo
que mais ou menos forçoso se tornou transferir a mão de obra operária
para as mãos dos chamados países emergentes.
No
Brasil, nem sequer alcançamos um estado satisfatório de
industrialização. A bem da verdade, salvo exceções, passamos pouco além
do que se chama de primeira fase da industrialização, o que seja, a
produção alimentícia e de vestuário. Tudo o mais produzido neste país
tem sido produzido com muita dificuldade, de tal forma que os produtos
fornecidos ao mercado são poucos, caros, de má qualidade e de estado
tecnológico beirando a obsolescência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI O SEU RECADO DEMOCRÁTICO!!!
Atenção: O espacodemocratico3.blogspot.com.br não se responsabiliza por opiniões aqui expressas; pela autenticidade dos comentários e menos ainda por ilações que internautas façam em relação a outros comentários ou comentaristas. As opiniões aqui expressas não refletem, obrigatoriamente, a opinião do blog espacodemocratico3.blogspot.com.br. Este é um espaço democrático e aberto a todos que queiram manifestar suas opiniões. Comentários ofensivos ou de baixo calão serão sumariamente deletados.