Diane Rodríguez e Fernando Machado são um dos casais transgêneros mais
famosos da América Latina. E recentemente tiveram seu primeiro filho no Equador.
"Ainda não escolhemos o nome. Talvez já tenhamos, na verdade, mas ainda
estamos esperando para anunciá-lo", diz Diane com os olhos fitados no
celular enquanto tecla com suas unhas perfeitamente bem feitas.
Ela e seu parceiro querem esperar que as coisas se acalmem um pouco.
Enquanto isso, o filho do casal chega à 18ª semana. Nascido no último
dia 20 de maio, ele é chamado carinhosamente de Caraote - "caracol".
Para muitos, Diane e Fernando são o símbolo de uma crescente tolerância sobre a diversidade sexual na região.
Diane, nascida Luis, buscava alguém com quem pudesse construir uma
família. Queria que sua alma gêmea também apoiasse sua carreira como
ativista.
Passou horas passeando por perfis nas redes sociais até que conheceu Fernando, outro transgênero.
Fernando, que nasceu Maria na Venezuela, sorri quando se lembra de como
o romance começou: "Depois de alguns dias batendo papo com ela, peguei
um ônibus e fui para o Equador".
"Depois de três semanas morando juntos, fiquei grávido", conta.
A gravidez só foi possível porque nem Diana nem Fernando decidiram se
submeter à cirurgia de mudança de sexo. Por isso, não precisaram de
ajuda médica para conceber o bebê.
Mas para um pai ou mãe transgênero que deseja colocar um filho no mundo, o Equador está longe de ser o paraíso da aceitação.
Ser publicamente reconhecido como um transexual não é um problema para
Diane. No entanto, viveu momentos dos quais prefere esquecer. A
prostituição e o distanciamento da família são parte de sua história.
Agora, Diane alimenta positivamente seu status de ativista.
Frequentemente, publica fotos suas junto com Fernando atraindo milhares
de "curtidas".
Mas, para uma parcela da comunidade LGBT no Equador, não se trata apenas de uma vontade nobre.
Segundo eles, Diane tem planos de ingressar na política e estaria
usando a plataforma do movimento para alcançar seus objetivos.
Sua relação com o presidente do país, Rafael Correa, dizem, seria próxima demais.
Correa, que é católico, já fez comentários homofóbicos e transfóbicos publicamente.
Diane também foi alvo de críticas por suas tentativas de reconciliar a
Igreja Católica com os grupos LGBT. Para alguns integrantes do
movimento, isso não é possível.
Por outro lado, é vista como um exemplo a ser seguido por muitos: mesmo
sendo transexual, ela se recusou a fazer a operação de mudança de sexo,
assumiu seu papel de mãe e começou a construir uma família.
+ em G1
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