quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

FAZER O BEM SEMPRE


Por Eduardo Melo


Podemos comparar a nossa vida com a chama de uma vela ou classificá-la como um instante mortal no Cronos, com expectativa de permanência eterna no Kairós[1].
A palavra cronológico vem de chronos, significa tudo que obedece uma cronologia, ou seja, que segue uma sequencia de tempo. Remete consecutividade e progressão. [...] Kairós qualifica. Significa o momento certo, momento oportuno, que pode estar presente dentro de um tempo físico determinado por Chronos.  Nossa rotina diária é marcada por esses dois tempos. Hora vivemos o tempo cronos, o tempo cheio de burocracia, controlado por cronogramas, pela horas, os prazos determinados para finalizar algum trabalho, outras vezes o tempo cairos, vivenciados com qualidade, com valorização e qualificação daquele instante, daquele momento específico, mudando o sentido interior das nossas atividades diárias, fazendo com que o nosso dia-a-dia se torne mais leve, com menos regras, livre de pressão, mais ameno e feliz (MARQUES, 2018, s/p).

Assim, é o presente, especificamente o agora, o momento propício de preparação para o encontro inevitável e definitivo com o Pai Celeste. Por isso, não devemos perder nenhuma oportunidade de praticar o bem. Essa é a nossa construção – ainda terrena – do Céu em que queremos habitar pelos séculos dos séculos.
Para nós, cristãos, não há felicidade maior que refletirmos sobre a nossa realidade finita, que deságua na morte temporal, tendo como esperança o Ressuscitado e a certeza da existência de uma vida futura. É fato que não possuímos a posse e a direção das nossas vidas terrenas – isso é propriedade de Deus – Ele é a chave que abre nosso entendimento sobre o ser e a resposta exata de existirmos.
A humanidade inteira, com suas culturas, civilizações e povos diversos, busca, por caminhos distintos, a pátria definitiva. O coração finito do homem aspira encontrar o coração infinito de Deus.
A busca de Deus é uma realidade do coração humano. Por caminhos diferentes aspiramos nos encontrar com Deus. Somos por natureza eternos peregrinos de nos próprios na busca da posse da vida. Na verdade, nada nos basta, nada nos sacia plenamente no tempo. Somos seres finitos aspirando para o infinito, Deus (ACN, 2009, s/p).

É fato que a morte é a nossa completude terrena, mas devido a nossa natureza espiritual e pelos méritos da redenção promovida por Nosso Senhor Jesus Cristo, somos destinados a imortalidade. Vivemos assim, uma realidade escatológica bela (o já – tempo presente, e o ainda não – sonho da eternidade), também chamada de esperança.
A esperança dinamiza a nossa existência perpassando toda a nossa história pessoal, atravessa a felicidade e a dor conseguindo vislumbrar nas possibilidades do futuro a felicidade. Na esperança percebemos que tudo passa, não apenas os momentos alegres e vivazes mas também os negativos e sofridos (TISI, s/d, p.04).

É necessário destacar que nossa vida encarnada é por vezes marcada por grandes tristezas, desacertos e provações (mas também de alegrias, acertos e acalentos). E é justamente nesse ‘tempo em carne’, que “se opera” a nossa salvação ou perdição eterna, ou seja, “o tempo presente é o lugar sagrado em que somos chamados a construir o bem supremo da eternidade, que se faz em acolher a vontade do Pai” (DEBIASI, 2014, p.01).
Cristo destrói o poder da morte! Não é mais ela a última palavra referente à existência humana; torna-se ela, apenas a passagem para a nossa plenitude e encontro definitivo com o Eterno Pai. Com Cristo, em Cristo e por Cristo haveremos de ressuscitar para a vida eterna. Eis nossa Esperança!


REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS

ACN. O Deus que se fez Homem. Julho de 2009. Disponível em <https://www.acn.org.br/palavra-viva/o-deus-que-se-fez-homem/>. Acesso em 24.12.2018.

AQUINO, Felipe. Significado de Kairós. 19 de abril de 2016. Disponível em <https://cleofas.com.br/significado-de-kairos/>. Acesso em 25.12.2018.

DEBIASI, Pe. Evaristo. Boletim Ajuda à Igreja que Sofre. Nº 11. Novembro/2014.

MARQUES, José Roberto. Entenda o tempo de Chronos e Kairós. 04 de julho de 2018. Disponível em <https://www.ibccoaching.com.br/portal/entenda-o-tempo-de-chronos-e-kairos/>. Acesso em 26.12.2018.

TISI, Lucíola Paiva. A esperança cristã e as questões atuais da escatologia: novas leituras e novas abordagens. Disponível em <http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2014/relatorios_pdf/ctch/TEO/TEOLuc%C3%ADola%20Paiva%20Tisi.pdf>. Acesso em 26.12.2018.




[1] Kairós refere-se a uma experiência temporal na qual percebemos o momento oportuno em relação à determinado objeto, processo ou contexto. Em palavras simples, diríamos que Kairós revela o momento certo para a coisa certa. Kairós simboliza o instante singular que guarda a melhor oportunidade, ele é o momento crítico para agir, a ocasião certa, a estação apropriada (AQUINO, 2016, s/p).

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