Por Eduardo Melo
Podemos comparar a nossa
vida com a chama de uma vela ou classificá-la como um instante mortal no Cronos, com expectativa de permanência
eterna no Kairós[1].
A palavra cronológico vem de chronos,
significa tudo que obedece uma cronologia, ou seja, que segue uma sequencia de
tempo. Remete consecutividade e progressão. [...] Kairós qualifica. Significa o
momento certo, momento oportuno, que pode estar presente dentro de um tempo físico
determinado por Chronos. Nossa rotina
diária é marcada por esses dois tempos. Hora vivemos o tempo cronos, o tempo
cheio de burocracia, controlado por cronogramas, pela horas, os prazos determinados
para finalizar algum trabalho, outras vezes o tempo cairos, vivenciados com
qualidade, com valorização e qualificação daquele instante, daquele momento
específico, mudando o sentido interior das nossas atividades diárias, fazendo
com que o nosso dia-a-dia se torne mais leve, com menos regras, livre de
pressão, mais ameno e feliz (MARQUES, 2018, s/p).
Assim, é o presente,
especificamente o agora, o momento propício de preparação para o encontro
inevitável e definitivo com o Pai Celeste. Por isso, não devemos perder nenhuma
oportunidade de praticar o bem. Essa é a nossa construção – ainda terrena – do
Céu em que queremos habitar pelos séculos dos séculos.
Para nós, cristãos, não há
felicidade maior que refletirmos sobre a nossa realidade finita, que deságua na
morte temporal, tendo como esperança o Ressuscitado e a certeza da existência
de uma vida futura. É fato que não possuímos a posse e a direção das nossas
vidas terrenas – isso é propriedade de Deus – Ele é a chave que abre nosso
entendimento sobre o ser e a resposta exata de existirmos.
A humanidade inteira, com
suas culturas, civilizações e povos diversos, busca, por caminhos distintos, a
pátria definitiva. O coração finito do homem aspira encontrar o coração
infinito de Deus.
A busca de Deus é uma realidade do
coração humano. Por caminhos diferentes aspiramos nos encontrar com Deus. Somos
por natureza eternos peregrinos de nos próprios na busca da posse da vida. Na
verdade, nada nos basta, nada nos sacia plenamente no tempo. Somos seres
finitos aspirando para o infinito, Deus (ACN, 2009, s/p).
É fato que a morte é a nossa
completude terrena, mas devido a nossa natureza espiritual e pelos méritos da
redenção promovida por Nosso Senhor Jesus Cristo, somos destinados a
imortalidade. Vivemos assim, uma realidade escatológica bela (o já
– tempo presente, e o ainda não – sonho da eternidade),
também chamada de esperança.
A esperança dinamiza a nossa
existência perpassando toda a nossa história pessoal, atravessa a felicidade e
a dor conseguindo vislumbrar nas possibilidades do futuro a felicidade. Na
esperança percebemos que tudo passa, não apenas os momentos alegres e vivazes
mas também os negativos e sofridos (TISI, s/d, p.04).
É necessário destacar que
nossa vida encarnada é por vezes marcada por grandes tristezas, desacertos e
provações (mas também de alegrias, acertos e acalentos). E é justamente nesse ‘tempo em carne’, que “se opera” a nossa
salvação ou perdição eterna, ou seja, “o tempo presente é o lugar sagrado em
que somos chamados a construir o bem supremo da eternidade, que se faz em
acolher a vontade do Pai” (DEBIASI, 2014, p.01).
Cristo destrói o poder da
morte! Não é mais ela a última palavra referente à existência humana; torna-se
ela, apenas a passagem para a nossa plenitude e encontro definitivo com o
Eterno Pai. Com Cristo, em Cristo e por Cristo haveremos de ressuscitar para a
vida eterna. Eis nossa Esperança!
REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS
ACN. O Deus que se fez Homem. Julho de
2009. Disponível em <https://www.acn.org.br/palavra-viva/o-deus-que-se-fez-homem/>.
Acesso em 24.12.2018.
AQUINO, Felipe. Significado de Kairós. 19 de abril de 2016. Disponível em <https://cleofas.com.br/significado-de-kairos/>.
Acesso em 25.12.2018.
DEBIASI, Pe. Evaristo. Boletim Ajuda à Igreja que Sofre. Nº
11. Novembro/2014.
MARQUES, José Roberto. Entenda o tempo de Chronos
e Kairós. 04 de julho de 2018. Disponível
em <https://www.ibccoaching.com.br/portal/entenda-o-tempo-de-chronos-e-kairos/>.
Acesso em 26.12.2018.
TISI, Lucíola Paiva. A esperança cristã e as questões atuais da
escatologia: novas leituras e novas abordagens. Disponível em <http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2014/relatorios_pdf/ctch/TEO/TEOLuc%C3%ADola%20Paiva%20Tisi.pdf>.
Acesso em 26.12.2018.
[1] Kairós refere-se a uma experiência temporal
na qual percebemos o momento oportuno em relação à determinado objeto, processo
ou contexto. Em palavras simples, diríamos que Kairós revela o momento certo
para a coisa certa. Kairós simboliza o instante singular que guarda a melhor
oportunidade, ele é o momento crítico para agir, a ocasião certa, a estação
apropriada (AQUINO, 2016, s/p).
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