segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Nosso presente e nosso futuro ou o nosso "eu" no mundo.

As respostas não estão na exclusão, na diminuição, na restrição de direitos e liberdades. As respostas estão em duas frentes: a) ampliação da liberdade e dos direitos b) na qualificação destas liberdades e direitos. E aí está o grande nó. Se quisermos mais liberdade e mais direitos precisamos não apenas qualificar que liberdade é esta e que direito é este, mas nos qualificarmos para tanto. Este é o ponto crucial. Qualificar-nos para mais liberdades e mais direitos. Para termos uma dimensão do quanto isto é difícil basta reconhecer que ninguém, a não ser, nós mesmos, fará isto. Portanto, não podemos ficar esperando milagres seja de quem for. Não há um salvador. Pelo menos, não no mundo terreno. Por aqui, só há nós mesmos.





Isto fica cada vez mais complicado quanto mais materialidade damos a esta ideia. Porque a questão não é o que o vereador, deputado, senador, prefeito, governador ou presidente da república pode fazer por nós. A questão não é o que o padre, o pastor, o pai ou mãe de santo podem fazer por nós. A questão não é o que o amigo ou amiga, o pai, a mãe, o filho, padrinho, a madrinha, quem quer seja, possa fazer pela gente. Todos nós precisamos de todas estas figuras. Todos são necessários já que não somos uma ilha, já que não somos autossuficientes, já que somos frágeis e incompletos. Mas reconhecer nossa solidão e nossos limites não elimina nossa responsabilidade face ao mundo e não nos impede de reconhecer que há certas coisas que só a gente pode fazer por nós mesmos.

O ponto é este. E isto nos leva ao campo dos sacrifícios. Para eu garantir a equidade, que tarefa eu estou disposto assumir que antes era executada por alguém que seja do ponto de vista de classe, gênero ou de raça/etnia, fazia por mim? Se eu defendo o meio ambiente, o que vou de deixar de consumir, ou vou consumir com menos voracidade? Se eu quero combater a corrupção, em que momento vou dizer não à corrupção que me interessa e me traz ganhos? Se eu sou contra o nepotismo, o favorecimento, em que momento eu vou dizer não a um convite que me trará um salário maior, ganhos materiais e prestígio social?

A minha resposta é simples, mas de difícil de execução. A resposta é: temos que nos tornar o melhor possível. Temos de ser melhor não apenas para nós mesmos, mas porque só assim poderemos fazer um mundo melhor. Se eu não tenho uma boa formação acadêmica e profissional, dizer não às ofertas de favorecimento e às muitas formas de corrupção torna-se um fardo. Se eu não revejo minha relação com os bens materiais, eu nunca vou abrir mão de uma nova aquisição supérflua. Se eu não revejo meu lugar de classe, gênero e etnia/raça eu não posso repensar e redefinir minhas tarefas e nem romper com as subordinações que isto acarreta.

Eu vejo esperança e futuro na vontade de pessoas, jovens a mais ou menos tempo, que querem colocar a mão na massa, querem fazer isso sem abrir mão de suas próprias vidas. Estes jovens lutam contra a sua própria consciência e lutam contra prisões físicas e simbólicas representadas pelos espaços que habitam e pelas ideias antigas que insistem em colonizar o futuro mesmo que seja as custas de sua destruição. Portanto, não nos enganemos com respostas que no fundo querem trocar nossa liberdade e nossa felicidade por um punhado de sensação enganosa de segurança. Não nos enganemos com essas promessas, seja de que extremo do espectro político elas venham. 

O desafio está posto. Para continuar com liberdades e direitos precisamos ser melhor do que somos hoje e, mais uma vez, ninguém fará isto por nós, a não ser nós mesmo. Façamos o que ninguém pode fazer por nós: garantir nossa felicidade que depende da felicidade do mundo.

FONTE: https://maennes.blogspot.com/

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