A VIDA DE UM JOGADOR DE BASE NA BAGUNÇA DOS GRANDES TIMES DO BRASIL: SORTE A SUA SE HOUVER ARROZ E FEIJÃO

Fora as condições precárias, vocês acham que a gente ganha quanto por mês? Dedicamos todo nosso tempo, esforço e foco para isso, dormindo regrado, acordando cedo, dando a vida nos treinos, faça sol, chuva, calor, frio e até raio caindo – uma vez perguntei se o treino iria continuar, e o treinador respondeu, me xingando: “tu tá com medo de raio?”

Depois de nos doarmos ao máximo, longe de nossas famílias, quanto vocês acham que recebemos de remuneração? Menos de um salário mínimo. Ou às vezes nenhuma, como ocorre com meu parceiro Luquinhas, que joga na quarta divisão de Portugal. Em outros clubes, é só um vale-transporte mensal, porque, querendo ou não, os jogadores precisam ir para os treinos durante a semana. Pelo menos disso os dirigentes se dão conta.

Mas e quando não dá para reservar a grana só para o transporte? E quando você tem filhos? Quando tem que ajudar a família com o pouco que ganha? Sua mãe? Seus irmãos? Eu tenho amigos que seguem no futebol, mas já abandonaram o sonho de se tornar grandes ou de ter uma vida melhor: eles jogam apenas porque é o que lhes resta, é isso que eles têm, e pronto. É o que eles foram ensinados a fazer, é o que eles sabem fazer em um país com cada vez menos investimentos em educação pública. E essa é a única saída “limpa” e “justa” que eles encontram, para quem sabe um dia sair da pobreza. Na verdade, eles têm outro caminho a seguir, e vocês sabem de qual eu estou falando. Esse mesmo: o crime. Às vezes, alguns até conseguem conciliar os dois, tráfico e futebol.

Mais em TIB

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcello Melo Jr posta nudes em rede social e justifica: ‘Brincadeira com um amigo’

"Encoxadores de plantão": grupo no Facebook incentiva abusos sexuais no transporte público