A China contra-ataca: o gigante asiático quer contar a sua história na crise do coronavírus
A PANDEMIA COVID-19 pode ser um divisor de águas na história da diplomacia chinesa e, quem sabe, do próprio sistema mundial no século 21. A China abandonou a postura de evitar conflito direto e agora parte para o contra-ataque, rebatendo aos insultos dos Estados Unidos — e também do Brasil — com palavras duras dando um novo tom às relações diplomáticas.
Acompanhando os principais jornais chineses e os tuítes de membros do governo diariamente, fica visível que o discurso oficial mudou drasticamente. A tolerância acabou, e não sabemos ao certo as consequências dessa atitude. Diante da desastrosa postura de Trump e o número crescente de morte de norte-americanos com o novo coronavírus, a pergunta que fica é: onde o Reino do Meio quer chegar?
Em tempos de lógica fascista, animada pela política da criação do inimigo comum, a China virou o grande espantalho que a extrema direita procurava para justificar sua incompetência e o negacionismo científico. Só que, nesse caso, a habitual ignorância dos extremistas está causando a morte de centenas de milhares de pessoas em questão de semanas: os Estados Unidos já superaram a casa das 70 mil mortes; o Brasil, das 11 mil.
O governo chinês, ao seu modo, seguiu a ciência e tomou medidas enérgicas para contornar a pandemia. Na disputa com os EUA, hoje, é ele quem toma à frente no discurso pró-ciência e acusa os EUA de negacionistas.
As teorias da conspiração e os ataques racistas em relação à China constituem um fenômeno no mundo atual. Eles aparecem no discurso de Donald Trump, que comumente fala em “vírus chinês”, expressão condenada pela OMS. A versão tupiniquim do insulto é “comunavírus”, que supostamente teria sido usada pelo chanceler Ernesto Araújo. Já o filho do presidente Eduardo Bolsonaro nunca teve pudor de culpar a China como disseminadora da pandemia. O embaixador Yang Wanming respondeu de forma enérgica no Twitter, repudiando as declarações e exigindo um pedido de desculpas — que não veio e nem nunca virá. Para Janaína Câmara da Silveira, jornalista da agência chinesa de notícias Xinhua e mestra em economia da China, a resposta do embaixador chinês está longe de ser um fato isolado, mas responde a uma diretriz adotada em vários países.
É difícil entender a lógica de jogar pedra contra o maior parceiro comercial do Brasil, que poderia auxiliar de forma muito mais eficiente no combate à anunciada tragédia brasileira. O mundo subterrâneo bolsonarista prefere viver de espalhar vídeos e memes racistas no WhatsApp, pois acredita estar lutando contra a ameaça comunista. Acreditam que tudo seria um plano da China para exportar suprimentos, como máscaras e luvas e, de quebra, dominar o Ocidente. O governo brasileiro juntou suas fantasias fascistas com a postura subserviente aos EUA e optou por seguir a linha negacionista e ignorante de seu grande líder, Trump.
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