A frequente associação do terrorismo com os muçulmanos feita pela mídia internacional e pelo governo americano provocou distorções a respeito da imagem dos adeptos dessa crença. O orientador da religião islâmica da Bahia, ligado ao centro islâmico da Bahia, Sheikh Ahmad, afirma que é errado associar o islamismo aos atos terroristas, já que a religião não tem como princípio incentivar a violência. “No islã em específico a todo momento é mencionada a palavra paz. A propósito, o termo islão é oriundo da palavra salam (árabe), que em português designa paz. Poder-se-á notar o modo de cumprimentar do muçulmano: “Assalamu Aleykum! Que a Paz de Deus esteja com você!”, esclarece.
Uma pesquisa do Instituto Pew, que buscava retratar a sociedade islâmica dez anos após os atentados constatou que 81% dos muçulmanos americanos não aprovam as atitudes da Al-Qaeda e 60% deles se preocupam com o crescimento do extremismo islâmico no País. O mesmo estudo ainda aponta que a maioria deles acha que os líderes religiosos não tem feito o bastante para combater o radicalismo dentro da religião, o que contraria a tese vigente que reações extremistas sejam característica dos povos islâmicos.
Fundamentalistas
A professora do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Cristina Almeida, diz que não se pode associar a prática do terror a determinada nação. “O terrorismo é uma estratégia de guerra, não é própria do muçulmano. Na Colômbia, as ações terroristas são estatisticamente maiores do que no Oriente Médio”, exemplifica. Os responsáveis pelas ações violentas seriam apenas um segmento mais radical dos fundamentalistas islâmicos. O Sheik Ahmad reforça que a doutrina prega uma cultura não violenta. “Os cinco pilares da doutrina Islâmica: a fé, a oração, o jejum do mês do Ramadan, a caridade obrigatória e a peregrinação para a cidade sagrada de Meca são uma forma do crente muçulmano praticar a paz, sendo assim esses pilares mencionados estimulam a todo momento que o bom muçulmano se afaste da maldade”, explica.
Na opinião da pesquisadora, que é especialista em política externa americana, essa associação pode ter acontecido devido ao fato de o terrorismo não ser associado a um país ou grupo determinado. “É uma ameaça transnacional e difusa. Com a identificação de terroristas no Afeganistão e de supostos apoiadores dessa prática no Iraque, duas nações de maioria islâmica, ficou difícil para os Estados Unidos provarem que a guerra não era contra a religião”. Apesar da desconfiança geral gerada com relação aos muçulmanos o sheik acredita que a religião não sofreu abalos e que a visibilidade intensa teria sido, no fim das contas, positiva. “Nada disso tem afetado a religião, pois é a que mais cresce em números de adeptos no mundo; com essa forma de tentar destruir a imagem do Islã, resultou um efeito reverso ou seja, atraiu cada vez mais a curiosidade das pessoas em conhecer mais a religião Islâmica”, afirma.
Fonte: A Tarde
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