quinta-feira, 4 de abril de 2013

Setores conservadores acusam o Papa de fazer “confusão litúrgica”


A renúncia em dar a bênção “Urbi et Orbi” em diferentes idiomas e, sobretudo, o rito do lava-pés da Quinta-feira Santa (quando  Francisco lavou os pés de duas mulheres, uma delas muçulmana), desatou a ira dos setores mais conservadores da Igreja católica.

“Houston, we have a problem” [“Houston, nós temos um problema”]. Este é o título do artigo publicado pelo liturgista Adolfo Ivorra, professor do Centro de Estudos Superiores Litúrgicos de León e fundador do sítio Lex Orandi, dedicado à interpretação da liturgia católica, em sua vertente mais ortodoxa. Ivorra, doutor em Teologia Litúrgica pela Universidade de São Dâmaso de Madri – cujos escritos foram reproduzidos pela La Gaceta, deste domingo, com o título “O Papa e a confusão litúrgica” –, afirma no artigo que “desde que saiu à sacada da Praça São Pedro, já são muitos os leitores deste blog – entre eles reputados liturgistas – que perguntam ou expressam seu estupor diante de uma mudança de 180 graus nas formas, etc.”.

Na opinião de Ivorra, “pouco me importa a cor dos seus sapatos, se usa esta ou aquela cruz ou este ou aquele anel. O que me preocupa sumamente é que o primeiro a não obedecer às rubricas seja o ‘patriarca’ de nosso rito, o romano”. O liturgista mostra-se especialmente preocupado com o fato de que Francisco lavara os pés de duas jovens.

“O problema é ainda maior se compreendemos que hoje o papa não só lavou os pés de duas mulheres, mas que uma delas não era católica, mas muçulmana”. O próprio Ivorra afirma ter sofrido este “problema” em sua própria pele, pois “voltei das missas da Quinta-feira Santa, uma delas em que tive que dizer a uma senhora que o lava-pés é um rito para varões, que assim estava nas rubricas do Missal”.

“O relativismo entra em nossas casas”, adverte o sacerdote, que pede ao Papa Francisco que “siga fielmente as rubricas de seu próprio rito, o romano, e dê o exemplo aos demais sacerdotes e bispos de fidelidade às normas da Igreja. O Papa não é um monarca absoluto ao modo dos governantes seculares, mas que reconhece, como já dizia Bento XVI, que a liturgia é uma realidade que lhe vem dada e que não reconstrói segundo seus gostos. O primado do bispo de Roma não é tarefa fácil. Roguemos ao Senhor para que o próprio Papa Francisco ou algum de seus colaboradores faça ver a Sua Santidade a importância destes sagrados ritos”.

Religión Digital tentou, em vão, solicitar a opinião de Adolfo Ivorra sobre seu artigo. O liturgista limitou-se a assinalar que se encontrava em uma “importante reunião” e que suas opiniões encontravam-se refletidas em seu blog e no sítio Lex Orandi, onde está publicado o referido artigo. Não obstante, no sítio, no domingo, quis esclarecer que não havia dado autorização para que o mesmo fosse publicado, com outro título, na La Gaceta.

As críticas, vindas dos mesmos setores, chegaram de diferentes países, ao ponto que o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, teve que responder às acusações indicando, não sem certa ironia, que “o rito era para uma pequena comunidade composta também de mulheres, uma situação específica na qual excluir as moças teria sido inoportuno à luz da simples intenção de comunicar uma mensagem de amor a todos em um grupo que certamente não incluía refinados especialistas em normas litúrgicas”.  (IHU)

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