Amanhecer no rio Amazonas, entre Pará e Amapá, março de 1989. Gritos
no barco do casal ribeirinho Joaquim e Maria das Graças. A filha
Socorro, de sete anos, ao se abaixar para pegar um objeto no chão da
embarcação, teve seus longos cabelos enroscados no eixo descoberto do
motor. Com um puxão violento, a engrenagem arranca o couro cabeludo, as
orelhas e fere o rosto da criança.
O acidente, chamado de escalpelamento, longe de ser uma fatalidade,
ainda faz vítimas nos rios amazônicos. Mulheres e meninas,
principalmente, carregam no corpo as marcas da imprudência, descaso e
falhas na fiscalização. Instalado no piso do barco e sem a peça de
cobertura, o eixo do motor gira em alta velocidade e pode causar danos
graves nos ocupantes. Também há relatos de homens feridos nas mãos,
braços, pernas e até no pênis.
Hoje, passados 27 anos, às margens do mesmo rio Amazonas, Maria do
Socorro Pelais Damasceno fala de seu drama com uma firmeza que
impressiona. Amamentando o quinto filho, Alessandro, de cinco meses, ela
relata os traumas físicos e psicológicos dos acidentados.
Socorro conta que, no pequeno barco da família, seus pais sempre
saíam para a pesca, levando os cinco filhos. Todos dormiam ali e
voltavam na manhã seguinte para casa. “Minha mãe não tinha com quem
deixar a gente e precisava ajudar meu pai no barco”, explica.
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