quinta-feira, 14 de março de 2013

Manifestações de apoio e repúdio a papa Francisco dividem argentinos


Buzinaços foram ouvidos nas ruas de Buenos Aires logo após o anúncio da escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, como novo papa. Mas as comemorações logo deram lugar às manifestações de apoio ou repúdio ao novo pontífice.

Logo após o anúncio, fiéis católicos se reuniram nas escadarias da Catedral de Buenos Aires, no centro da cidade. Com bandeiras azuis e brancas, as cores da Argentina, gritavam: 'O papa é argentino' e 'Salve Bergoglio'.

A catedral fica a poucos passos da sede da Presidência da República, a Casa Rosada, e em frente à Praça de Maio, símbolo dos protestos em defesa dos direitos humanos e contra os crimes da ditadura, com a qual o agora papa Francisco foi acusado de colaboração por um jornalista local.

Nas ruas, a euforia durou poucos minutos. O clima ainda era de surpresa e, ao mesmo tempo, de orgulho com o nome de um papa argentino. 'Temos rainha (princesa Máxima, mulher do príncipe herdeiro da Holanda), temos Messi e agora o papa', disse a comerciante Maribel Cortinez, de 36 anos.

'Ele nos acolheu, nos abraçou e se emocionou com cada um de nós quando perdemos nossos filhos naquela tragédia de Cromañon', disse, nesta quarta-feira, o pai de uma das vítimas do incêndio em uma discoteca que deixou dezenas de mortos em 2004, em Buenos Aires.

Nas principais emissoras de rádio e de televisão do país, como os canais TN e C5N, comentaristas destacavam a 'austeridade' de Bergoglio, que costumava viajar de metrô e de trem na capital argentina, e suas homilias criticando a exclusão social e a corrupção nos governos.

'Um povo que não cuida de suas crianças e de seus idosos é um povo em decadência', disse ele em uma missa.

Casamento gay

Suas declarações polêmicas incluíram a condenação publica ao então projeto do casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovado em 2010 no país, transformando a Argentina no primeiro país da região a adotar a medida.

'Não sejamos ingênuos, não se trata de simples luta política, mas a pretensão destrutiva ao plano de Deus, o de um homem e uma mulher crescerem e se multiplicarem', afirmou.

Os sacerdotes que trabalharam com ele, em Buenos Aires, onde nasceu e foi cardeal, disseram à imprensa local que 'ele condenou as críticas e a falta de respeito aos gays'.

Outro tema controverso foi seu papel durante a ditadura argentina (1976-1983), com acusações de que teria sido 'omisso' ou 'cúmplice' naqueles anos de chumbo e, principalmente, suas diferenças públicas com o governo do ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007), morto em 2010, e de sua mulher e sucessora, a presidente Cristina Kirchner.

Em um discurso, transmitido ao vivo pelas emissoras de televisão do país, nesta quarta, Cristina Kirchner disse que espera que ele 'defenda o diálogo' e 'os excluídos'. Mas quando ela citou o nome do papa Francisco, setores da platéia vaiaram e outros aplaudiram.

Cristina fez um gesto pedindo silencio, e lembrou que Francisco 'é o primeiro papa latino-americano'. 'É um dia histórico para a América Latina. Desejamos ao papa Francisco toda a sorte do mundo nesta missão pastoral'. O público, então, aplaudiu.

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