O Projeto
de Emenda Constitucional - PEC 171 (1993), que pretende reduzir a maioridade
penal de 18 para 16 anos no Brasil, entrou em pauta nesta terça-feira 17 de
março, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Após um pedido de vistas coletivo
do parecer do relator Luiz Couto (Partido dos Trabalhadores – PT – Paraíba), a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou a votação da proposta para
próxima semana. Movimentos sociais e organizações de direitos humanos têm se
posicionado contrários à emenda e pedem um aprofundamento do debate com a
sociedade.
Para a
ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli
Salvatti, "antes de discutir a violência cometida pelos adolescentes,
precisamos tomar providências efetivas em relação à violência cometida contra
os jovens. Hoje, os casos em que os adolescentes cometem atos infracionais que
provocam a morte de alguém representam o percentual de apenas 0,1%, enquanto os
adolescentes são 36% das vítimas de homicídio”.
Em nota, a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) já afirmou que "a redução da maioridade não é a solução para o fim
da violência. A Igreja no Brasil continua acreditando na capacidade de
regeneração do adolescente, quando favorecido em seus direitos básicos e pelas
oportunidades de formação integral nos valores que dignificam o ser humano. É, portanto,
imoral querer induzir a sociedade a olhar para o adolescente como se fosse o
principal responsável pela onda de violência no país”.
Na
justificativa do Projeto, o texto ressalta o maior desenvolvimento mental
verificado nos jovens da atualidade em comparação à época da edição do Código
Penal, nos anos 1940. A proposta defende que o acesso à informação, a liberdade
de imprensa, a ausência de censura prévia, a liberação sexual, dentre outros
fatores, aumentaram o discernimento dos jovens para compreenderem o caráter de
licitude ou ilicitude dos atos que praticam, podendo esses jovens, portanto, serem
responsabilizados por seus atos.
A Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), e o Ministério Público Federal (MPF), também já se
posicionaram contrários à medida. O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco
Aurélio de Mello já declarou que "a proposta não resolverá o problema no país.
Temo que a sociedade, movida por argumentos passionais, opte por uma solução
que, na sua interpretação, não contribui para, efetivamente, reduzir a
criminalidade". Para o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, "a redução
da maioridade penal não diminuiria a criminalidade e poderia prejudicar o
amadurecimento de jovens infratores. Pena de morte, diminuição da idade penal,
prisão perpétua, nada disso funciona. O que resolve são várias medidas, com a
eficiência das polícias, e uma reforma prisional e no Judiciário".
Durante a
sessão desta terça-feira, 17, alguns deputados apresentaram um requerimento à
Comissão para a realização de audiência pública com dois constitucionalistas,
um a favor e outro contra a proposta. O requerimento deve ser votado nesta
quarta-feira, 18, e, caso seja aprovado, a audiência será na próxima semana.
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