sexta-feira, 15 de março de 2013

Entrevista com Veranúbia Avelino



A outra face

Conversar com Veranúbia Avelino é algo fascinante. Na realidade, a forma como a alagoana de Delmiro Gouveia, mas Canindeense por adoção de corpo e alma se posiciona lembra uma propaganda extinta das Pilhas Duracell. É muita energia. Energia que agrega as várias moléculas desta mulher intensa, inquieta e ilimitada e, que contagia quem está ao seu redor. Posições francas e na farta maioria, objetiva e sem rodeios, Vera ou Verinha, como é chamada carinhosamente pelos mais íntimos, dispensa comentários e apresentações. Seus textos são tocantes, tem que se pensar, raciocinar, analisar. Ler mais de uma vez de forma a gravar palavras e sentidos muito bem postos, é que a competência é marca registrada da educadora e mãe de André Yan e Laura Lis.

Workaholic compenetrada em tudo o que faz, é autora de dos hinos da Unidade Escolar de Xingó (UNEX I) e de Poço Redondo. No dia 20 de fevereiro, realizou o pré lançamento do seu segundo livro de poesia, intitulado Outra face. O primeiro, intitulado Ego foi escrito na adolescência, no auge das inquietações. Foi em clima de festa e felicidade incontida por mais uma bela conquista neste mundo de possibilidades que a escritora recebeu a colunista para uma conversa franca sobre poesia. Confira o melhor do bate papo com a pequena notável, que tem em seu DNA a marca de quem nasceu para vencer.
  • Quem é Veranúbia Avelino?
Preciso me descobrir, mas não tenho pressa. (Gargalhadas)
  • Como se deu seu encontro com a poesia?
Eu tinha medo de poesia, pavor a redação, mas achava lindo Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e a poesia presente nas canções de Luiz Gonzaga. Aprendi a ler cedo, lendo cordel. Achava lindo o jogo de palavras presentes na literatura.
Quando estudava a oitava série, a professora solicitou que nós produzíssemos um texto com o tema abolição. Eu achei que meu texto estava o máximo, mas ela não gostou. Fiquei arrasada. E aí virei a madrugada escrevendo. Foi a partir daí que não parei mais. Isso aconteceu no mês de maio, em setembro meu primeiro livro Ego estava pronto.
  • Onde busca inspiração para escrever?
Nas madrugadas. A noite e o som do silêncio me encantam, talvez seja por isso que minha inspiração flui nesse horário. Mas também houve ocasiões em que estava caminhando, a inspiração veio e de repente parei para escrever.
  • No dia 20 aconteceu o pré-lançamento do seu segundo livro, Outra Face. Como foi a construção desse projeto?
Longa. Foi um período de descobertas incríveis, marcantes. Depois dos 30 me descobri mais mulher e gostei. Passei dos 40 bem e assumi isso. (Faz gestos rápidos e precisos) Não tenho problemas com idade.
  • Por que o título outra face?
Quem me conhece sabe que sou espalhafatosa, levo tudo na brincadeira. Poucas pessoas conhecem minha intimidade. Todo mundo só conhece a Vera palhaça. (Risos) Então, em Outra Face, me permito me abrir mais, deixar a mostra minha outra face.
  • O que você destaca de diferencial nesta obra?
Ousadia. Mas isso aplico a minha idade. Vivi uma história, perdi medos, mas adquiri outros também. É a outra face. A idade me permite. (Risos)
  • Quais as influências da infância e adolescência que determinaram sua opção pela poesia na hora de escrever?
A música, os poetas populares e o cordel. A grande riqueza dos poetas nordestinos é o cordel. Eu sempre gostei de Fagner, Caetano Veloso, Maria Betânia, Djavan.
  • Como você concilia a poesia com o trabalho cotidiano?
Facilmente. A criação de uma obra não leva muito tempo, o que demora bastante e requer tempo é a formatação, que é um processo longo. E nesse longo período acabo perdendo muita coisa, esqueço rascunhos, esqueço de assinar algum texto que produzi.
  • Você é professora e, lida diariamente com jovens. Como educadora, como enxerga o interesse do jovem pela leitura, sobretudo pela poesia?
Me angustia. Dar a impressão que a gente está falando de E.T. Vim de uma geração que grande parte não gostava de leitura, mas conhecia alguns escritores. As mídias eletrônicas, se usadas de forma correta, ótimo. Mas é difícil vê jovens acessando sites culturais, portais que tenham algo a acrescentar em suas vidas. O que se vê são jovens conectados nas redes sociais.
Desde que meus filhos nasceram que trago livros para casa com frequência. Lemos tudo, de bula de remédio a gibi. Não precisa obrigar a lê, é só colocar a disposição.
  • Durante nossa entrevista volta e meia você citava ‘Nós e o tempo’, um dos poemas que compõe Outra Face. Qual sua relação com o tempo?
Tenho um carinho especial por esse poema. Não mudei nada nele desde o rascunho. Eu fico pensando como o tempo é senhor, como ele consegue brincar com a gente. Como o tempo é importante para nós, como ele nos faz girar.


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