sábado, 10 de setembro de 2011

Já podeis Filhos da Pátria?

Denisson Santos

Entramos mais uma vez na semana da Independência. O país se prepara para os desfiles cívicos em comemoração ao 189º ano de liberdade. Entretanto, as margens plácidas do Ipiranga nunca puderam imaginar que aquele grito retumbante pudesse um dia calar-se frente às atitudes daqueles que hoje ocupam o posto do Bravo Imperador. 

Esta semana não poderia começar de maneira mais irônica. Certa deputada, flagrada em ato de corrupção ao receber dinheiro do mensalão do DEM de Brasília, teve sua absolvição concedida por aqueles que a deveriam condenar, seus colegas. Utilizando-se da alegação de que o fato ocorreu antes de a candidata ser eleita, 256 deputados ‘anônimos’ a liberaram da culpa e, no dia seguinte, ainda lhe fizeram convite para participar da Comissão de Revisão de normas do Código Civil Brasileiro. Sarcástico. Estes mesmos deputados temiam, talvez, estar futuramente no mesmo banco dos réus. Fazendo ao outro o que gostariam que fizessem a si, esquecer seu passado escuro. Desonrada manobra política. 

Esse fato parece distante de nós, canindeenses, mas está mais próximo do que parece. Vale lembrar que na próxima disputa eleitoral, segundo especulações, teremos dois candidatos filhos dessas manobras. O primeiro, vindo da mesma casa que aquela deputada corrupta, usou de manobras semelhantes para impedir até as investigações sobre possíveis atos que tenha cometido. O segundo, já condenado, usou de um verbo mal conjugado na lei da Ficha Limpa para se livrar de seu passado, também com vestígios de corrupção. Às escondidas, ambos já lançaram suas campanhas. Fazendo pesquisas de popularidade, tentam quantificar a ‘memória’ da população. Ainda que seus nomes permaneçam ocultos durante o pleito eleitoral, é fundamental que se tenha ciência de sua participação no lançamento dos novos, ou ainda, antigos nomes. Pois não existe pessoa mais indigna de cargo público que aquela que rouba de seu próprio povo.

Não adianta reclamar da situação pública se nós mesmos somos os causadores de tais problemas. Cada criança que morre desnutrida, jovem que abandona a escola, idoso que perece nos leitos hospitalares é o resultado de nossas escolhas.  Os votos queimados em 1997 ainda queimam enquanto os culpados permanecem livres, e com potencial de realizar atos com o mesmo fim. Dominar a máquina pública. Controlar o desenvolvimento. 

Que os dez mil indianos que saíram as ruas para protestar contra a corrupção no seu país nos sirvam de exemplo. O povo heroico que gritava “Independência ou Morte” não pode ter gritado e morrido em vão. Como já diz o velho chavão: “povo que não conhece a sua história, está fadado a repeti-la”. Então, que se fale... para que os jovens canindeenses saibam reconhecer a mão que melhor conduzirá nosso município.
"Acreditávamos que tínhamos conquistado a independência, mas não tínhamos. A mesma corrupção, o mesmo saque, o mesmo terror estão aí." 
Anna Hazare


Por Denisson Santos 
revistacaninde.blogspot.com 

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